MOCOEMBU – CAMPEÃO AMADOR ESTADUAL DE 1995

- Para registro histórico -

publicidade

O maior título que a Associação Atlética Mocoembu conquistou em sua existência quase centenária (oficialmente o clube completa 100 anos no dia 19 de novembro próximo), foi o de Campeão Amador Estadual de 1995.

Por conta de informações não integralmente precisas, que volta e meia circulam aqui e ali, resolvi, como partícipe da conquista do título, na condição de presidente da Diretoria Executiva do Mocoembu, registar o que se passou.

publicidade

Em 1995 a diretoria do Mocoembu decidira não participar do Campeonato Amador Estadual, que sempre disputara pela Liga Jauense de Futebol Amador.

Então, o Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Dois Córregos, que tinha Antonio Carlos Krugner como coordenador, houve por bem reunir um grupo formado somente por atletas locais e inscrever a equipe no Campeonato da Liga Lençoense de Futebol Amador.

O Sindicato escolhera aquela liga porque, em tese, a competição que realizava seria menos difícil que o certame organizado pela Liga Jauense, no qual formavam agremiações tradicionalmente fortíssimas como Brotense, Torrinha, Itapuí e Boracéia, entre outras, proporcionando disputa bastante acirrada.

Apesar do esforço para montar a melhor equipe possível, o time do Sindicato não conseguiu agrupar todos os atletas amadores locais de expressão daquele momento, pois se inscreveram para disputar por equipes da região jogadores importantes como Tonhão, Jader e Mosquito.

Contando com o apoio da prefeitura, que naquela época era comandada pelo prefeito Luciano Bigarelli Júnior (Lucianinho), o time do Sindicato acabou por conquistar o título de Campeão Amador da Região de Lençóis Paulista.

Com a conquista, ganhou o direito de representar aquela liga no Campeonato Amador Estadual, promovido pela Federação Paulista de Futebol.

Entretanto, o Sindicato, mesmo com o apoio que a prefeitura oferecia, não tinha estrutura para disputar o certame estadual, talvez pela sua amplitude.

O certame estadual demandaria a disputa de jogos em localidades distantes, impondo viagens que implicariam gastos expressivos com transporte e alimentação dos atletas, tendo, portanto, declinado do direito de disputar a competição.

Natural que os atletas que haviam ganhado o inédito título regional pelo time do Sindicato, desejosos de participar do Amador Estadual, buscaram alternativa de verem seu sonho realizado.

Milton Depícoli, que era o treinador da equipe campeã regional e que treinara a maioria daqueles atletas desde as categorias de base, fez a ponte com a direção do Mocoembu, porquanto de há muito integrava a diretoria da “Veterana” e era o técnico de suas equipes, no sentido que assumisse o time na competição estadual.

Ocorreu que o desejo dos atletas foi recepcionado pela direção do Mocoembu, incentivada pelo entusiasmo do prefeito Lucianinho, que também era muito ligado ao esporte, em especial ao futebol.

Ainda, houve a concordância da Liga Lençoense de inscrever o Mocoembu como seu representante regional no Estadual, até porque a Liga também tinha interesse que um time a representasse na competição, como campeão regional, principalmente em se tratando de um clube de renome como era (e continua sendo) a Associação Atlética Mocoembu.

Foi assim que o Mocoembu entrou para a disputa do Amador Estadual de 1995 apenas com atletas locais e sem alguns importantes, porque três haviam disputado certames por equipes outras e não podiam ser inscritos, bem como porque perdera o centroavante Bertinho, outro nome expressivo da época, este por contusão.

Na primeira fase do Campeonato Estadual, disputada com campeões da região de Bauru, entre eles o fortíssimo Esporte Clube Leônico, Campeão Amador de Bauru, saiu-se vencedora a “Veterana” de Custódio Caldeira, qualificando-se para a próxima etapa.

Na fase seguinte, oitavas de final, já eliminatória, no primeiro compromisso jogou com equipe da cidade de Vera Cruz, da região de Marília, empatando sem abertura de contagem no jogo de ida e vencendo por 5 a 1 em Dois Córregos.

Na partida seguinte, pelas quartas de final, o adversário foi uma excelente equipe da cidade de Tarumã, da região de Assis, quase divisa com o Paraná, em que o Mocoembu também empatou o jogo de ida sem abertura de contagem e venceu o jogo de volta, em casa, pelo placar mínimo.

A penúltima partida, válida pela semifinal, foi contra equipe da cidade de São Vicente, do litoral paulista, agora com inversão de mando, porque o primeiro jogo foi realizado em Dois Córregos.

O compromisso em casa o Mocoembu venceu por 3X1, porém perdeu o segundo, em São Vicente, pelo placar mínimo, classificando-se para a final no saldo de gols das duas partidas.

Mas mesmo que tivesse perdido em São Vicente por placar que o desclassificasse (e quase ninguém sabe disso), o Mocoembu estaria na final.

Acontece que no time de São Vicente atuava um atleta profissional que estava jogando com inscrição irregular, o que, pelo regulamento, representaria sua eliminação da competição.

Foi o redator deste escrito que, como presidente do Mocoembu, esteve na Federação Paulista de Futebol levantando essa situação de irregularidade que, independente do resultado na segunda partida da semifinal em São Vicente, habilitava o Mocoembu à disputa do título.

Classificado para a final, o adversário do Mocoembu foi o Estrela do Mar de São José dos Campos, com a primeira partida programada para acontecer no Estádio Municipal Martins Pereira, em São José.

No primeiro jogo da decisão do título, que aconteceu no dia 26 de novembro de 1995, o Mocoembu obteve mais um empate fora de casa, sem abertura de contagem.

A segunda partida da decisão aconteceu no Estádio Custódio Caldeira, no dia 3 de dezembro de 1995, quando o Mocoembu, no “Caldeirão” lotado, venceu pelo placar de 2X0, num jogo absolutamente impecável, com excelente arbitragem, onde jogadores das duas agremiações se confraternizaram ao final.

Nesse histórico 3 de dezembro de 1995, o Mocoembu conseguiu dupla façanha:

  • uma foi conquistar o tão sonhado título de Campeão Amador do Estado, que perseguia desde a sua fundação, título que não conseguira ganhar mesmo tendo formado, em várias oportunidades, verdadeiras seleções que reuniam atletas regionais e até de cidades longínquas do Estado, pagos quase como se profissionais fossem.

 

  • outra foi conquistar o título com equipe constituída apenas por atletas de Dois Córregos, formados na cidade, ainda não contando com todos, como atrás relatado, equipe cujo custo era baixíssimo se considerado com tantos outros elencos que tinham feito parte da história do clube.

Jogaram a partida final pela Associação Atlética Mocoembu, que rendeu o título à “Veterana”: Fedato, Brela, Evaristo, Marcão Maia e Moino. Val, depois Marquinho Caniato, Rê e David. Zão, Lao, depois Claudinho, e Cobrinha. Desta partida não participou o médio-volante titular, Arnaldo Zangaletti, que estava suspenso com o terceiro cartão amarelo recebido no primeiro compromisso da final.

Este, portanto, o relato deste feito histórico e extraordinário da Associação Atlética Mocoembu em 1995.

Feito que só foi possível pela atuação impecável e dedicação de todos os atletas, os titulares e os que figuraram na suplência, bem como pelo excelente trabalho do treinador Milton Depícoli.

Ainda, pela atuação precisa da diretoria (não adianta ter um time bom se não houver uma diretoria que faça corretamente o que lhe compete), em cuja linha de frente, na competição, atuaram José Aparecido Voltolim, Milson José Capelini, José Aparecido Serrano (Chicão), Otávio Ferraz Risso Netto e José Nelson Tavella, bem ainda o ex-atleta do Mocoembu José Geraldo Ramos Pereira (Baiano), que não integrava a diretoria mas abraçou a causa e foi importante colaborador.

Justo destacar ainda a grande colaboração de mocoembuenses históricos, integrantes da diretoria ou não, mas que sempre que chamados a contribuir com a “Veterana” nunca faltaram, pessoas que, pela enorme quantidade, não é possível nominar aqui sob pena de se cometer injustiças irreparáveis.

Dois Córregos, agosto de 2020.

Ano do centenário da fundação da Associação Atlética Mocoembu.

J A Voltolim

Comentários
Compartilhe