Nasce Antonio Francisco Lisboa – o “Aleijadinho” – 29 de agosto de 1730

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Por Dilva Frazão – Biblioteconomista e professora

Aleijadinho (1738-1814) foi um escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial. Suas obras estão espalhadas pelas cidades de Ouro Preto (antiga Vila Rica), Tiradentes, São João Del-Rei, Mariana, Sabará, Morro Grande e Congonhas do Campo.

Os Doze Profetas, entalhados em pedra-sabão, para o terraço do “Santuário de Bom Jesus de Matozinhos”, em Congonhas do Campo; os Sete Cristos, para as seis “Capelas dos Passos”; a Capela de São Francisco de Assis em Vila Rica, são testemunhos do desenvolvimento artístico de Minas Gerais, no século do ouro.

Infância

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Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, nasceu em Vila Rica, hoje Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 29 de agosto de 1738, segundo a maioria dos biógrafos.

Filho do português Manuel Francisco Lisboa, que chegou a Minas Gerais em 1724 e logo encontrou trabalho de carpinteiro e escultor. Dois anos depois, se casou com Antônia, que lhe deu quatro filhos. Em 1738, nasce Aleijadinho, filho de Francisco e de sua escrava Isabel.

Aleijadinho estudou as primeiras letras, latim e música, com os padres de Vila Rica. Teve como mestre nas artes os portugueses João Gomes Batista e Francisco Xavier de Brito.

Aprendeu a esculpir e entalhar ainda criança, observando o trabalho de seu pai que esculpiu em madeira uma grande variedade de imagens religiosas, e de seu tio Antônio Francisco Pombal, importante entalhador de Vila Rica.

Contexto Histórico

Em Minas gerais, na primeira metade do século XVIII, as construções religiosas eram, sobretudo, de igrejas paroquiais e, para evitar o contrabando de ouro o governo impôs que só permanecessem na capitania os padres que realmente prestavam assistência aos paroquianos.

Muitos padres que não justificaram sua permanência na região da mineração se juntaram e criaram as confrarias e irmandades, contribuindo para o grande número de construções religiosas.

À medida que a situação econômica melhorava, graças ao ouro, na segunda metade do século XVIII, surgiram as ricas construções em pedra e alvenaria.

Obras de Aleijadinho

Foi na época do ouro em Minas Gerais que Aleijadinho desenvolveu suas atividades de escultor entalhador e projetista. Suas talhas, estátuas e seus projetos, em estilo Barroco e Rococó, estão presentes em construções religiosas de várias cidades mineiras:

Aleijadinho

Uma das obras mais famosas de Aleijadinho é o Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, iniciada em 1758. A planta imita o Santuário de Bom Jesus de Braga, Portugal. A escadaria está ornada por doze estátuas de profetas (1800-1805).

Aleijadinho

A rampa que conduz ao Santuário de Bom Jesus está ladeada por seis capelas “Capelas dos Passos” onde abrigam 66 imagens, em cedro, em tamanho natural, representando as cenas da Paixão de Cristo, entre elas: Cristo Carregando a Cruz. A obra é considerada o principal conjunto de imagens do Barroco brasileiro.

Aleijadinho

Aleijadinho

O artista projetou a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (1766), elaborou o frontispício, a pia batismal, as imagens das três pessoas da Santíssima Trindade e dos anjos que adornam o altar principal.

Outras obras de Aleijadinho

  • Os Altares de Santo Antônio e de São Francisco de Paula, na Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, matriz de Caeté (1760)
  • Fonte do Padre Faria do Alto da Cruz, Vila Rica (1761)
  • Projeto da Igreja de São João Batista, Morro Grande (1763)
  • Esculturas em pedra-sabão do frontispício e da porta da Capela da Ordem Terceira do Carmo, Sabará (1769-71)
  • Projeto o retábulo da capela-mor para a Capela da Confraria dos Negros de São José, Vila Rica (1772)
  • Projeto da Capela da Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência, São João del Rei (1774)
  • Capela-mor da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, Vila Rica (1775)
  • São Miguel em seu nicho e o pórtico da Igreja de São Miguel e Almas, Vila Rica (1778)
  • Balcão da Igreja da Assunção de Nossa Senhora, Mariana (1783)
  • Altar da Capela da Confraria dos Negros de São José, Vila Rica (1789)
  • Projeto das torres e do pórtico da Igreja de Santo Antônio, Matriz de São João del Rei (1810).

Doença e morte

Em 1777, no auge de sua fama, surgiram os primeiros sinais da Lepra ou da sífilis, não se sabe ao certo a doença que o debilitou, mas não interrompeu suas atividades. Um ajudante o levava para toda parte e atava-lhe às mãos o cinzel, o martelo e a régua.

Mesmo sofrendo com sua doença e com vários preconceitos pela sua condição de mestiço, sua genialidade acabou por consagrá-lo como escultor e projetista admirável. O maior gênio na arte colonial no Brasil.

Aleijadinho faleceu em Ouro Preto, Minas Gerais, no dia 18 de novembro de 1814. Seu corpo foi sepultado na Matriz de Nossa Senhora da Conceição do bairro de Antônio Dias, junto ao altar da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte.

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