Sou doiscorreguense e voto em Jair Bolsonaro

publicidade

Sou doiscorreguense e voto em Jair Bolsonaro

Gustavo Miquelin Fernandes

publicidade

Um dos argumentos que justificam a teoria da inexistência da democracia real, de modo que ela exista tão somente em seu aspecto FORMAL –   sistema que simplesmente permite que eleitores se apresentem a cada biênio para votar – e não MATERIAL, com a efetiva participação do povo nos negócios de Estado, pode ser depositado na existência do chamado “deep state” – conceito bastante conhecido na América do Norte: algo como “Estado paralelo” ou “Estado profundo”.

Desta forma, a existência de um Estado sombrio, oculto, paralelo, com uma agenda própria, afastaria o poder decisório da quase totalidade do povo, de modo que os cidadãos ficariam sub- representados.

Deep state são organismos que atuam nos bastidores, organizações, inclusive internacionais, empresas que atuam às sombras sem supervisão popular. A imprensa chapa-branca, vendida. As facções criminosas, os parlamentares corruptos, os lobistas desonestos. Os políticos corruptos compõem os elementos mais notáveis; veja-se a notícia mais recente: não é possível que uma senhora que gastou R$1,4 bilhão de dinheiro sujo para se eleger, possa estar por aí desfilando como candidata à senadora, pregando moralidade e palpitando sobres os rumos do país que ela mesma bagunçou e destruiu.

Há uma nítida distância entre o sentimento íntimo do povo (justiça social), especialmente o mais sofrido, e a decisão dos grandes, poderosos e inacessíveis burocratas. No Brasil, o jurista Raymundo Faoro escreveu um livro chamado “Os Donos do Poder”; ele se referia a um certo “estamento burocrático”, um conceito um pouco diferente do aqui tratado, mas que traz uma didática conclusão – a qual aproveito:

(…)“A lei, retórica e elegante, não o interessa. A eleição, mesmo formalmente livre, lhe reserva a escolha entre opções que ele não formulou”.

Vide também o exemplo das grandes corporações interessadas em regimes tributários diferenciados e generosos; aliás, causando um grande rombo no caixa do Governo Federal, que ajudou a quebrar o Estado brasileiro e gerar o maior déficit público da História do país – quantia que deveremos pagar na forma de tributos.

O deep state também difere do chamado “establishment”. Este tende a ser mais aberto, acessível e compreensível. São atores políticos e sociais viciados, repetitivos, figurões da República, mas também com forte poder econômico. Aliás, no Brasil existem alguns deputados que são donos de emissoras de televisão. Independente de terminologias, na ausência da luz, de transparência, de controle pela população, ocorrem os conchavos de gabinetes, os mensalões, os petrolões, os megacrimes que matam a saúde, a educação e a segurança de nosso povo sofrido – esquemas intocáveis pelo controle popular – conceito tão caro à democracia real.

O Estado é gigantesco e seria altamente improvável poder se rastrear todas as suas ramificações e domínios; desde as grandes empreiteiras conluiadas, lobistas atuantes fora da legalidade, parlamentares que agem em conluio com grandes empresários visando ao contrabando legislativo, etc. Algumas revistas, jornais e outros órgãos de imprensa também têm papel fundamental, ante o grande poder de desinformação, confusão de fatos, omissões deliberadas e “assassinatos de reputações”. Inegável, atualmente, por exemplo, que a Rede Globo teve papel central no impedimento do ex-Presidente da República no ano de 1992. Decisão que caberia apenas ao Congresso Nacional, impulsionado pelo desejo íntimo de cada cidadão brasileiro.

O poder, no sentido de legislar sem atender ao interesse público, de se associar ao crime organizado, de atuar de forma oculta, é mais forte que o dinheiro e que as armas. O deep state compreende o poder e sabe que ele mesmo comanda as armas e o trânsito do dinheiro.

Felizmente, algo do deep state foi desvendado na Era Lula, não se contando com a descoberta por procuradores federais dum esquema que desviou bilhões do orçamento das estatais. A Operação Lavajato, composta por respeitáveis policiais, procuradores e juízes do mais alto gabarito, foi a primeira investida contra esta camada subterrânea de poder. É isto que não podemos mais aceitar.

A democracia dá, novamente, o ar de sua graça e nos convida a decidir no próximo domingo. As possíveis escolhas estão bem delineadas: premiar o crime, os causadores dos milhões de pais de famílias desempregados que não conseguem dar de comer a seus filhos; ou tentar uma mudança de rumo. Respeito a escolha do outro, mas já fiz a minha.

Eu creio que exista alguém honesto, que empunhe a bandeira da transparência, que não se dobre a pressões do capital e das “velhas raposas”, que não faça esquemas para se perpetuar no poder durante décadas, usando dinheiro dos tributos que pagamos. Acredito sim, e me chamem ingênuo se quiserem, que há alguém disposto a enfrentar a criminalidade de poder. É tempo, pois, de mudar, tentar outro rumo.

Por isso, a necessidade (e se houver ingenuidade aqui, mais à frente ela será desfeita, certamente), de alguém com autoridade moral para quebrar este sistema perverso, onde pessoas são divididas e rotuladas por sexo, cor, condição social, sexualidade. Não podemos mais aceitar isso. Somos todos iguais perante a lei – palavras da Constituição Federal. Estas divisões devem parar.

Hoje, em minha opinião, existe apenas uma pessoa, com chance real, que possa combater isso e tentar quebrar a espinha dorsal deste mecanismo que sufoca a democracia, empobrece pessoas e aniquila toda a dignidade da nação.

Eu voto desta forma. Deus abençoe esta nação.

 

 

 

 

 

Comentários
Compartilhe