Participando recentemente de uma reunião em Nova Iorque com grandes especialistas em estudos de tendências, descobri que um dos clamores mais fortes e crescentes na nova geração é: TRAGA-ME A MAGIA DE VOLTA.
Venho refletindo muito sobre essa demanda que brota do mais fundo do coração humano, e me pergunto sobre a origem desse clamor. Não precisa ser nenhum gênio para compreender: construímos uma sociedade cujos mecanismos vorazes, consumistas e egoístas estão fazendo a Vida perder o significado.
Valorizamos beleza física, conta bancária e futilidades em detrimento das únicas coisas que podem trazer felicidade e significado à nossa própria existência e à do todo: Amor, Clareza, Desapego, Luz Interior.
Acostumamo-nos a chamar de líderes pessoas que sentem orgulho de apresentar seus pomposos cartões profissionais, mas não inspiram ninguém. Atuam, muitos deles, como dedicados capatazes, contratados para executar os caprichos e ambições – em geral desmesurados – de acionistas alheios ao sofrimento da humanidade e do Planeta.
Quando a nova geração – do fundo de sua galopante ansiedade, sua profunda depressão e seu crescente índice de suicídios – grita: TRAGA-ME A MAGIA DE VOLTA, ela está na verdade implorando: TRAGAM-NOS NOVAS FARAILDES! MOSTREM-NOS COMO SER UMA FARAILDES! ABRAM ESPAÇO NA HISTÓRIA PARA LÍDERES COMO FARAILDES GUERREIRA CASAGRANDE! Sim, Guerreira no feminino, e não por acaso nascida com Guerreiro no sobrenome.
D.Faraildes empunhou como poucos a bandeira do Amor e da Coragem, sem mimimi, sem meias palavras. Daí a força impressionante de sua liderança.
Colocava o propósito elevado à frente de todos os obstáculos. Destemida, vigorosa, visionária e ao mesmo tempo pragmática, fazia de poucos limões nutritivas limonadas.
Conhecia profundamente o papel do líder. Sabia que ninguém faz nada de real valor sozinho, e assim fez da Casa da Criança uma co-construção da qual tanta gente maravilhosa participou.
Atuava com mãos na massa, coração dedicado e paixão pelas crianças. Alguns criticarão seu temperamento direto, por vezes inflexível. Outros preferirão guardar seu lado carinhoso e compreensivo. Aspectos de nossa humana condição. Mas uma coisa é verdade: ela, acompanhada dos que a ajudaram, ampliou e manteve vivo o sonho de minha saudosa mãe Maria Christina, de quem tenho a honra de levar o nome.
Até pela diferença de idade entre ambas, D. Faraildes tratava minha mãe como uma aluna trata sua professora. Ela era bem mais jovem e talvez nunca tenha se apercebido de que, ao longo da amizade de tantos anos, com visão de mundo tão compartilhada, o aprendizado foi sempre mútuo. Nunca houve entre as duas qualquer assimetria.
A trajetória e o legado de D. Faraildes são fachos de luz no momento enevoado que a humanidade, o Brasil e o Planeta atravessam.
Uma história como a dela questiona e ao mesmo tempo encoraja a trajetória de todos nós.
Basta cruzar com uma luz dessa no caminho para que a nossa própria luz se acenda e se apresente. A névoa se dissipa, a fé e a esperança voltam a brilhar, a vida retoma seu melhor movimento.
Obrigada, queridíssima amiga e mestra D. Faraildes. Sua simples lembrança traz, para mim, toda a magia de volta.
*Christina Carvalho Pinto preside o Grupo Full Jazz de Comunicação e se dedica intensamente à transformação positiva de marcas e da própria mídia.