PÉROLAS DANTESCAS – O OLHEIRO

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Nos campeonatos da divisão de nossa região que compreendiam os times das cidades de Brotas, Torrinha, Santa Maria da Serra, Itapuí, Bocaina, Ribeirão Bonito, Boa Esperança do Sul, Dourado, Macatuba, Barra Bonita e Mineiros do Tiete, o Mocoembu jogava um domingo sim com o mando de campo e outra não.

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Quando a Veterana, cognome do Galo da Comarca, tinha um jogo difícil e não podia perder de jeito algum, um famoso e matreiro membro da diretoria, ia até Itirapina e esperava o trem que vinha de São Paulo e lá fazia baldeação para cá e ele entrava no vagão de passageiros de primeira classe. Na segunda classe só o povão curto de grana. Percorria os vagões olhando para os passageiros, com aquele olho que só ele tinha, e a lábia então nem se fale, era um mel do favo mais gostoso no ouvido do interlocutor. Mirava certeiro e pronto esse era o Juiz da Federação Paulista de Futebol Amador que ia apitar o jogo. Nunca falhava e sentava ao lado mesmo. Conversa vai, conversa vem, comprava o Juiz, pois 99 por cento era corrupto. Da mesma laia dos políticos. Daí a partida estava no papo.

Coitado do adversário. Levava um pênalti inexistente. Tinha jogadores expulsos sem razão. Marcava faltas inexistentes perto da área do adversário. Anulava gol do adversário anotando um impedimento absurdo e que não houve. Chegava quase a empurrar a bola embaixo da trave do inimigo. E de que jeito brigar com a enorme torcida que lotava o Custódio Caldeira aos domingos à tarde.

O lema era esse: nunca comprar um juiz que apita no campo do adversário. Por razões obvias.

O Juiz voltava feliz da vida com o bolso cheio, o time adversário puto da vida e o Mocoembu com mais uma vitória com galhardia rumo ao final do Campeonato Amador da Região.

 

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