Bola fora

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Ainda há pouco, circulou a notícia que a Arevu – Associação Recreativa e Educativa das Vilas Unidas poderia ser extinta. Por ora, os dirigentes da instituição definiram que não. Mas a onda do vai fechar parece não ter cessado. Agora a ameaça parece que paira sobre a Santa Casa. Pelo menos a direção da entidade fez publicar edital de assembleia prevista para o dia 17 deste mês, onde consta a análise dessa possibilidade. A atual Mesa Administrativa da Irmandade teria apresentado renúncia coletiva.

Há pouco mais de uma semana correu a informação que o Projeto Guri encerraria suas atividades. Principalmente nas cidades menores. Fiquemos nele nesse escrito. Esta seria uma decisão do governo, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Este, aliás, é o novo nome que a sempre Secretaria Estadual de Cultura tem agora. Afinal, o Guri é um programa cuja sustentação financeira atrelado ao Estado, ainda que também receba aportes da iniciativa privada.

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A reação foi enorme. De todos os lugares o governo recebeu manifestações de lideranças políticas e da comunidade condenando a decisão. Nas redes sociais, os protestos foram gigantescos. A ponto do secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, ter divulgado vídeo onde, ele próprio, nega que o governo tivesse intenção de encerrar o projeto. Na mensagem, disse que a intenção era “melhorar e aprimorar um programa sociocultural que já funciona muito bem”. Que tem grande “capilaridade”, segundo disse.

Se era só essa a intenção, então deveria ter ao menos dito o que pretendia fazer. Não era! A fala não passou de alguma coisa sem sentido. Um desmentido daquilo que realmente ia acontecer e houve recuo em função das manifestações de oposição. Até porque, mais de 600 funcionários do Projeto Guri chegaram a ser postos sob Aviso Prévio para dispensa. A previsão do governo era cortar 20,7 milhões dos recursos que são repassados para a ONG Amigos do Guri, que mantém a estrutura. O fechamento de polos era inevitável.

E isso ficou ainda mais claro quando a grande imprensa divulgou que o governador resolveu promover cortes no orçamento, que atingirá inúmeras atividades culturais, incluindo pelo menos 19 museus  e diversos programas da área. Em tese, cortar programas culturais outros não afetaria o grosso da população. Mas ao atingir o Guri, certamente sim. Isso porque o projeto envolve crianças e adolescentes de todos os estratos sociais. Além disso, as atividades dos polos têm intenso contado com as comunidades.

Não existe dúvidas que foi uma verdadeira bola fora do governo estadual mexer com o Guri. Para chegar a essa conclusão, basta ver a importância que tem o polo de Dois Córregos. Depois de sua chegada aqui, em 2005, houve uma verdadeira revolução, na cidade, no terreno do ensino musical. A ponto de ter surgido a Banda Musical Municipal e a Escola Municipal de Música e Artes “Professora Olga Ferreira”. Ainda hoje, com tudo isso, o Guri é a porta de entrada e o repositório natural de músicos da banda.

Apenas por isso seria possível aquilatar a impressão negativa que o fechamento do polo ocasionaria. Claro que esse efeito dominó ocorreria em todas as comunidades do Estado onde o Guri fosse afetado. Não à toa o governador recuou na sua intenção primeira. Mas isso não significa que não possa haver novas investidas. A questão financeira pode existir, mas não parece muito clara. Sabe-se que o governador é bem personalista. Talvez quisesse (ou queira), dar caráter pessoal ao projeto ao invés de mantê-lo como criado.

Esse personalismo Doria já mostrou na absurda reforma que fez no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, onde gastou mais de R$ 1,1 milhão. Paredes, portas, forro, chão, tapetes e mobília agora têm como predominantes as cores preto e cinza. Antes o palácio se destacava por lindas portas, pisos e móveis em madeira envernizados. A reforma descaracterizou a obra originária do seu criador, o arquiteto italiano Marcello Piacentini. Por isso, aliás, o governador está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual.

J A Voltolim

 

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