Que os nascituros nos perdoem!

publicidade

Cientistas londrinos realizaram pesquisas que comprovaram a ação nefasta da fuligem dos veículos movidos por combustível fóssil, na placenta das gestantes. A ocorrência de partos prematuros, sensível perda de peso dos bebês, má formação de inúmeros órgãos, insuficiência das faculdades mentais, multiplicação de anomalias de toda a ordem e aumento da mortalidade infantil, tudo está vinculado à respiração das grávidas.

A recomendação dos pesquisadores às futuras mães: mudem seus hábitos. Locomovam-se apenas por vias não preferenciais, aquelas desprovidas de trânsito pesado ou, se possível, de qualquer veículo.

publicidade

Londres não é a cidade mais poluída do mundo. Feito um cotejo com as nossas metrópoles, facilmente se chegará à conclusão de que nesse ranking estamos no topo.

As partículas de veneno expelidas pelos automotores está ceifando vidas e gerando sequelas nas mães que, mesmo após o parto, continuam a conservar resquícios da poluição atmosférica em seu organismo.

Enquanto isso, os países subdesenvolvidos continuam a estimular a aquisição de automóveis, o veículo mais egoísta do planeta. O investimento em carro elétrico ou movido por outra matriz energética ainda é pífio. Providências para reduzir a intensidade do uso desses agentes causadores de morte lenta inexistem.

Triste sina a do Brasil que desprezou a ferrovia, adequada para a dimensão continental deste vasto território, em favor do envenenamento coletivo causado pelos milhões de automóveis hoje em uso. Envenenamento gerado enquanto em uso e perene contaminação do planeta quando encerrada sua vida útil. O país das carcaças abandonadas, dos desmanches, dos ferro-velhos, sem a logística reversa dos Países civilizados, onde o fabricante acompanha a trajetória de seu produto e cuida de reciclagem e de eliminação saudável de resíduos.

Mais um perdão que esta sociedade insensível e egoísta deve pedir às futuras gerações. Os nascituros não fruirão de saúde integral, terão limites mais drásticos em sua aventura existencial, não atingirão a plenitude, tudo porque a humanidade resolveu continuar a se servir dos poluentes para se locomover. Que eles consigam nos perdoar!

 

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente universitário, conferencista e autor de “Ética Ambiental”, 4ª ed., RT-Thomson Reuters.

Comentários
Compartilhe