Há uma lenda que diz que os idosos não se acostumam com a era digital. Escasseiam hoje os que dizem não usar celular, não saber como se servir de um computador e ignorar tudo o que diz respeito ao mundo virtual.
A verdade é que os mais experientes encontraram nos mobiles uma companhia agradável e a fórmula instigante de passar o tempo, aparentemente mais disponível para quem já se aproxima do final da existência.
Colabora com essa tendência a iniciativa de alguns experts em eletrônica e informática, hábeis na criação de aplicativos que facilitam a vida dos anciãos. Um deles se chama, exatamente, “Facilita” e foi criado pelo CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações de Campinas. Ele propicia a inclusão digital de idosos que até então só usavam celulares, ainda que de última geração, para fazer e receber ligações telefônicas.
Os velhinhos descobriram que essa bugiganga eletrônica serve “até” como telefone. Mas tem quase mil e uma utilidades. Quando instalado, o “Facilita” se torna a interface do smartphone e torna muito mais acessíveis as principais funções do celular. Isso propicia ao idoso fazer e receber ligações telefônicas, o que ele já fazia antes do aplicativo. Mas também consultar o nível de bateria e sinal da operadora. Enviar e receber SMS. Favorece os contatos, seja na inclusão, remoção, atualização e marcação como favorito.
Permite acompanhar o histórico de ligações, sejam as perdidas, as recebidas e as efetuadas. É despertador com lembrete de voz. Pode ser acionado o programa de música, o “music player”. Faz previsão do tempo. Fornece notícias do CPqD, facilitando o acesso aos principais portais. Atua na localização do usuário: onde estou, auxílio ao deslocamento. É uma câmera fotográfica fidelíssima, possui o recurso da galeria de fotos. Viabiliza regular o volume da fala e campainha. É leitor de arquivos de texto.
Mais ainda, atua na configuração de fala, sons, avisos, distingue voz feminina da masculina, é guia para a navegação, etc. Além das opções de acessibilidade, com tamanho de fonte, quantidade de botões, nível de usuário, etc. Enfim, os que se servem do aplicativo focam o aspecto liberdade. Já não dependem dos netos, não precisam pedir auxílio alheio. Tudo foi simplificado e trouxe como resultado fazer com que o idoso se sinta integrado no mundo digital, nunca dele excluído. Grande ganho para a qualidade de vida de quem ficou velho e deve reconhecer que a alternativa não é sedutora: seria morrer jovem.
*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, professor da Uninove e Anchieta, palestrante e autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed., RT-Thomson Reuters.