Manual de Pais

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Filhos nascem após nove meses de gestação. Como regra, salvo as exceções. Durante esse período, nem todos os pais fazem o “cursinho” para o enfrentamento da situação adveniente.

Houve tempo em que se falava na “Escola de Pais”. Preparação dos casais para o desafio de sobreviver após à chegada do filhote. Um ser frágil, indefeso, que só sabe chorar e mamar… A angústia quando não se descobre porque não para de berrar! Será cólica, será dor de ouvido, o que o incomoda?

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O cuidado para tomar no colo aquele serzinho tão mole. O cuidado com a “moleira”. A ansiedade para acompanhar o sono, ante as notícias de que há bebês que morrem dormindo…

Essa a melhor fase. Depois as vacinas, os tombos, as fraturas. A escola, a dificuldade na escolha. Como educar adequadamente a prole?

As festinhas de aniversário, os shows dentro do colégio, as amizades. E por aí vai. O filho é sempre uma criança. Para os pais, nunca fica adulto. Não tem idade.

Penso na situação de nossos dias, em que as redes sociais ocupam lugar privilegiado na mente dos filhos. Quantas horas cada qual passa a manusear seus mobiles? Quais as páginas que frequentam? Que tipo de mensagem recebem? Com quem se relacionam?

A presença dos pais na vida dos filhos é sempre imprescindível. Mas pode ser cada vez mais difícil. Há uma idade em que o “pai herói” cede espaço ao “careta”, ao “jurássico”, à figura quase ridícula de quem “não está com nada”.

Mas os pais estão sempre a postos. Para receber com o abraço de acolhida, para perdoar sempre. Para entender tudo o que acontece. Para continuar, amoravelmente, a missão infinita de ser um ardoroso e incondicional amigo do filho. Pais podem errar. E erram frequentemente. Mas é impossível que premeditem o erro e o assumam. Tudo o que fazem, é pensando no melhor. A intenção é acertar.

Seria bom que houvesse um Manual para Pais. Uma cartilha com regras, exercícios e treinamento. Pode até existir. Mas será sempre insuficiente para a irrepetibilidade da existência de cada pai, de cada mãe, de cada filho.

Um filho, essa luz que se acende no coração dos pais e que permanece acesa. Mesmo quando esse filho inverte a ordem das coisas e parte antes dos pais. A luz que só se apagará, se isso um dia vier a ocorrer, quando os pais também partirem.

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral e Presidente da Academia Paulista de Letras, biênio 2019/2020.

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