A vacina da solidariedade

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Em meio à imensa tristeza e grandes danos causados pela pandemia da Covid-19, uma cena emocionante ficará marcada de modo enfático na mobilização dos brasileiros contra a doença: o “palmaço” nas janelas de casas e apartamentos de todo o Brasil, na noite de 20 de março, em aplauso e reconhecimento aos médicos, enfermeiros, farmacêuticos/bioquímicos, fisioterapeutas, técnicos de laboratório e todos os profissionais da saúde, heróis de nosso país e da humanidade nesta dura guerra travada contra um inimigo natural. Somam-se a eles, com o mesmo grau de importância, os produtores rurais, trabalhadores do campo, transportadores, pessoal da infraestrutura e das redes de abastecimento, coletores de lixo, policiais e funcionários das indústrias provedoras de bens essenciais, que seguem em operação.

O trabalho incansável de todas essas pessoas, que, sem home office, muitas vezes estão redobrando suas jornadas e atuando, na linha de frente, com muita determinação, fé e coragem, é um exemplo marcante de amor à vida e respeito aos princípios mais dignos do exercício profissional. É uma demonstração de que, em crises como a que estamos vivendo, devem ser deixadas de lado as divergências políticas, o acirramento de posições partidário-ideológicas, as desavenças entre vizinhos, a ganância, as polêmicas familiares e a agressividade às vezes presente na sociedade contemporânea. São necessárias união, sinergia e soma de esforços para superarmos a gravíssima crise.

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É hora de prevalência da fraternidade, de uma corrente humanitária e coesa de boa vontade em favor da vida. A solidariedade, sem dúvida, é a melhor vacina contra o novo coronavírus. E esse sentimento, na presente conjuntura, significa, também, cuidar de si próprio e de todas as pessoas, seguindo as orientações das autoridades da saúde e mantendo todas as recomendações de higiene e assepsia. Cada um de nós deve ser um soldado atuante e engajado no combate contra o contágio, nosso e do próximo.

Além dos profissionais de todos os setores anteriormente citados, surgem numerosos exemplos solidários e de responsabilidade social. Os clubes paulistas de futebol abrem suas sedes e arenas ao atendimento da população e a campanhas de vacinação contra a gripe (esta, embora não imunize contra o coronavírus, é importante para evitar comorbidade e facilitar os diagnósticos); personalidades e artistas postam nas redes sociais mensagens de mobilização e otimismo, músicas e poemas; autores de livros liberam obras para leitura gratuita no meio digital; veículos de comunicação abrem a não assinantes os conteúdos relativos à pandemia, para que todos possam informar-se, assim como canais de TV por assinatura.

Nesse contexto, é gratificante para quem atua no setor a ação voluntária da indústria sucroalcooleira, aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de produzir, transportar e doar aos brasileiros, álcool hidratado do tipo 70º INMP. Objetivo da iniciativa é reforçar o abastecimento das unidades públicas médico-hospitalares, considerando que o produto é um agente desinfetante muito eficaz para conter o contágio. Tal atitude soma-se ao imenso esforço dos profissionais de saúde, para os quais o álcool é um elemento fundamental, em tempos de pandemia, no atendimento e atenção aos pacientes e para evitarem o próprio contágio.

O Brasil e o mundo certamente vencerão o novo coronavírus. Será um imenso esforço, envolvendo a ciência e todos aqueles aqui citados, que estão lutando pela civilização na árdua guerra contra um micro-organismo que nos desafia, ameaça a vida e nos encarcera em nossas casas, mas, ao mesmo tempo, também nos mostra, em sua agressiva virulência, o quanto o ser humano pode ser generoso e fraterno. Que esses sentimentos também sobrevivam muito fortes à pandemia, para que as agendas econômicas de todas as nações jamais deixem novamente de incluir a solidariedade como ativo imprescindível do desenvolvimento!

*João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro, é vice-presidente do Conselho de Administração da Usina São Martinho e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).

 

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