Ímã de talentos

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Como fazer para que o Brasil volte a ser um país em crescimento integral? Isto quer dizer, entre outras coisas, uma terra em que seus jovens tenham mais do que perspectivas de vida: tenham a certeza de um futuro decente.

Hoje eles não têm essa perspectiva. Por isso é que mais da metade dos jovens entrevistados em recente pesquisa, pretendem deixar o Brasil. Dentre os nossos rankings, pode-se acrescentar mais um: o de maior exportador de cérebros.

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Compreensível a desilusão da mocidade. A educação patina em mediocridade e insiste em fazer com que o educando decore informações que encontra mais atualizadas e mais completas nas redes sociais.

Ninguém acredita que o discurso antigo sobre o diploma hoje possa merecer aceitação perante os nativos digitais. Milhares de diplomados não têm emprego. Não há incentivo estatal para o empreendedorismo. Este seria a chave essencial rumo a uma reversão de rotas. Mas empreendedorismo não nasce por geração espontânea. Precisa de política nacional levada a sério. Mais do que política e estatal, ora em descrédito, face à agonia da democracia representativa.

Insiste-se, na educação pública, em oferecer vagas para carreiras já saturadas. Negligencia-se a orientação para a pesquisa, para as ciências exatas, para a criatividade e para o desafiador encontro com a incerteza.

Enquanto outros países estão preparados para oferecer à sua juventude opções de subsistência digna, diante da profunda disrupção da Quarta Revolução Industrial, o Brasil se conforma com o retorno à condição de exportador de commodities.

Nem se abala com a transformação que o setor vem sofrendo no planeta, com a adoção do conceito ESG. Ao contrário, persiste no extermínio da floresta, território insondável e que mereceria consistente exploração, para comprovar que a bioeconomia, a sustentabilidade, a descarbonização e o turismo são as portas abertas para o verdadeiro 8progresso brasileiro nas próximas décadas.

A continuar a política de “cabra-cega”, a migração de cérebros continuará, em direção aos países que, sensatamente, se transformaram em verdadeiros ímãs de talento.

José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras – gestão – 2021- 2022.

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