Muitos prefeitos indagam o que eles podem fazer em suas cidades para implementar o conceito ESG. A sigla em inglês para designar a preocupação simultânea e conjunta dos aspectos ambientais (environment), sociais e de governança inteligente, que deve inspirar poder público e iniciativa privada nesta década.
O meio ambiente é o mais maltratado. Por isso, tudo o que se fizer para a sua regeneração será bem-vindo. Desde coisas simples: cientificar a população de que a presente crise hídrica é a pior dos últimos 91 anos. Poupar o dispêndio. Proibir lavagem de carros e calçadas. Ensinar hábitos que reduzam o consumo.
Incentivar a formação de viveiros de mudas e o plantio de árvores nativas da Mata Atlântica em todo espaço livre. As crianças são as mais sensíveis nesse tema. Fazer com que elas se interessem pela horta escolar, por um jardim na escola, pelo plantio de árvores, mas não “uma” no dia da árvore. Muitas. O Brasil destruiu todos os biomas, batendo recordes nos últimos dois anos. A iniciativa a cargo das cidades pode amenizar esse extermínio macro.
Idem com a energia. Trocar a iluminação por LED. Há incentivo do BID, que já atendeu Araras. Fomentar a reciclagem, fortalecer a cooperativa dos catadores, obrigar as empresas a adotarem a economia circular e a logística reversa. Estimular startups a criarem respostas para problemas até hoje considerados insolúveis, mas que podem merecer tratamento adequado desde que haja estudo, ousadia e boa vontade.
Mais ainda: provocar o Parlamento a aderir à cultura ESG. Impedir que projetos de lei contrários à sustentabilidade ou em evidente retrocesso ecológico sejam aprovados. E mostrar que o município é hoje entidade da Federação, desde 5.10.1988. Precisa fazer valer essa condição, que foi um verdadeiro upgrade na Federação brasileira.
Procurar investimento internacional, mostrando que nos limites de sua cidade, prevalece o respeito ao ambiente, assim como preconizado no artigo 225 da Constituição da República. Chamar a juventude a oferecer sugestões e propostas, mediante concursos de crônicas, contos, poesias, ensaios e twitter, além de pequenas mensagens gravadas no celular e que podem viralizar, mostrando que na cidade se leva a proteção ambiental a sério. Coisa que, infelizmente, não acontece em outros âmbitos.
José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.