PÉROLAS DANTESCAS – O RÁBULA

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Na praça da Prefeitura, bem em frente a porta principal do Fórum, existia uma casa dos anos 20, que atualmente não sei se desfiguraram ou a quem pertence.

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Há longos anos foi morada da família do Dr. Alberto Bueno, advogado, ou rábula. Prá quem não sabe, era o nome dado a quem não era formado em Direito, mas exercia a profissão legalmente, pela prática que possuía. Era legítimo na época. Até os dentistas na época da monarquia eram os barbeiros, profissão exercida quase que exclusivamente por escravos. Mas tudo bem. O Dr. Alberto tinha um notório saber jurídico e como tal exercia muito bem a sua lida.

Era um senhor bem alto, ereto, sempre de terno e gravata, sapatos lustrados e brilhantes, muito sério, um verdadeiro lorde, impunha respeito com aqueles que conviviam. Nos dias de semana sempre com processos embaixo do braço, aos domingos com respeito empunhava a bíblia e seguia a Igreja Presbiteriana da Rua XV onde era membro e fiel seguidor dos preceitos evangélicos.

Sendo eu funcionário do Cartório de Contador, Partidor, Distribuidor e Anexos da comarca, sempre levava processos para ele. E muito gostava, porque no portão de ferro de entrada de sua casa que dava para a rua, como no exercício de rábula, havia uma coisa que hoje não mais existe: um sino anunciava a presença da visita em sua residência. O sino ficava dependurado no portão de ferro. Não era necessário bater palmas – era só dar umas badaladas, que alguém da moradia vinha atendê-lo com a mesma elegância e distinção do senhorio da casa.

Gente nobre de um Dois Córregos mui distante…

josé nelson dante

 

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