PÉROLAS DANTESCAS – DOIS PRA LÁ DOIS PRA CÁ

PENSAMENTO DANTESCO O marketing das seitas religiosas é o diabo.

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Dois Córregos em priscas eras foi uma cidadezinha com uma vida social intensa entre seus moradores, um conhecia o outro, a família, os avós e até os bisavós. Hoje em dia parece que mudou muito com a entrada de muitos forasteiros na cidade que degringolaram a vida pacata. Até crimes que não existiam hoje é uma realidade intensa. Acidentes de carros e motos. Roubos. Enfim virou uma cidade moderna. Pois é…

Mas outrora além de boa convivência tínhamos as festas da quermesse todo o ano, circos que aqui se apresentavam e era uma atração. As formaturas principalmente do Ginásio com a apresentação do coral grandioso da dona Olga Ferreira, os desfiles das escolas pelas ruas da cidade nos dias festivos da pátria, das procissões religiosas. E principalmente, o meu alvo principal, os bailes do Aero Clube e depois da Piscina.

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Normalmente o presidente do clube acompanhado do diretor social saia com um mapa das mesas para vender. Já tinham alguns compradores certos, que não perdiam um baile e queriam as melhores mesas, às vezes duas e não mais. Cada mesa dava assento a quatro pessoas. Quando o baile chegava no dia derradeiro todas as mesas praticamente estavam vendidas salvando o pagamento da orquestra.

As melhores orquestras do interior de São Paulo passaram pelos nossos clubes. E eram orquestras super afinadas com um repertório atual e famosas, formados de 14 a 25 integrantes em média. E cantores idolatrados também, sempre acompanhados pelas orquestras, mas contratados pelos clubes, como o espanhol famosíssimo na época Gregório Barrios, Orlando Silva, Nélson Gonçalves, Roberto Luna e outros que não me lembro.

Muitos dançarinos levavam tábua, que informo o quê: você tirava uma garota para dançar, normalmente ela estava sentada numa das mesas e a mesma falava não para o gajo. Era o maior vexame quando o moço era tímido, mas para um cara de pau, ele não estava nem aí e tirava outra, podia ser até a sua colega e saia dançando todo faceiro. Alguns esperavam as moças saírem da toalete para tirá-las a bailar.

Os bailes eram o momento de maior alegria das cidades e eram realizados para as celebrações de formatura, muito requisitados e com as melhores orquestras, pois os alunos faziam rifas e arrecadavam um bom dinheiro para trazer a mais famosa, bailes de debutantes, réveillon, aniversario da cidade e agitavam o comércio e os cabeleireiros e além do mais aproximavam as pessoas e dali saíram muitos casamentos. Os homens sempre de terno e gravata, além dos sapatos super lustrados e glostora no cabelo. As mulheres com os seus melhores vestidos e laquê no penteado.

Consegui lembrar de quase todas as orquestras que passaram por Dois Córregos e aqui vão elas:

Nélson de Tupã – orquestra excelente.

Pedrinho e sua Orquestra Guararapes – tocaram muitas vezes por aqui

Laércio de Franca – tocou em mais ou menos 3.000 bailes no país

Elcio Alvarez e sua orquestra – uma das minhas prediletas. Um fenômeno de orquestra dançante e gravou muitos Lps acompanhando ainda diversos músicos famosos na época.

Orquestra Sul América de Jaboticabal – ela transformou o “Bolero” de Ravel num 04samba super dançante e deve ter feito mais de 5.000 apresentações em 70 anos de existência.

Arley e sua Orquestra – era a preferida da velha e da jovem guarda pelas músicas que tocava. Durou uns 60 anos e foi consagrada como vice campeã do estado como a melhor orquestra de bailes.

Orquestra Continental de Jaú, liderada pelo maestro e cantor Waldomiro. A orquestra acompanhou diversos cantores famosos da época como Nélson Gonçalves, Roberto Luna, Cauby Peixoto, Hebe Camargo (ela iniciou sua vida artística como cantora), Elza Soares, Ângela Maria, Agnaldo Rayol, Inezita Barroso, Maísa Matarazzo, Gregório Barrios e muitos outros.

Casino de Sevilla Orquestra – é uma orquestra espanhola que tem mais de 200 anos e ainda se exibe até hoje pelo Brasil e esteve inúmeras vezes em Dois Córregos nos bailes de minha vida. Logo após a guerra mundial Assis Chateaubriand estava em Vina Del Mar no Chile e viu a orquestra tocando e levou para a sua Rede Tupi onde se apresentaram com sucesso e daí nunca mais pararam de tocar em terras brasileiras.

Vou encerrar com a melhor de todas as big bands que passaram nos clubes de nossa cidade, a fantástica Orquestra Tabajara de Severino Araujo, que tocava divinamente. Tenho dela todos os CDs gravados em número de 15. Era tão afinada que quando Ray Coniff vinha ao Brasil emprestava alguns músicos para com ele tocar, de tão excelentes que eram principalmente os de sopro.

josé nelson Dante

 

 

 

 

 

 

 

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