EDITORIAL – Pouco interesse

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Em um mês, o Brasil elegerá a nova Câmara Federal, dois terços do Senado, as novas assembleias estaduais, presidente e vice da República e governadores e vices dos Estados. A essa altura, era para o país estar respirando eleições. Mas, ao contrário, nem parece que daqui a 30 dias os eleitores irão às urnas para escolher essa imensa quantidade de representantes. Eleição não é assunto preponderante em reunião de pessoas. Praticamente não se vê propaganda eleitoral. Em tempos outros, a essa altura, era comum correligionários terem adesivos de seus preferidos em veículos. Nem isso se vê.

Quanto menos placas ou cartazes. Manifestações, mesmo, apenas pela internet. Ainda assim, não se nota entusiasmo da maioria das pessoas em se posicionar a favor ou contra quem quer que seja. De qualquer forma, as redes sociais têm sido utilizadas como o principal veículo de comunicação dos candidatos com os eleitores.

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Especialmente em tempo de dinheiro curto. A proibição de financiamento de campanha por empresas encurtou substancialmente os recursos. Isso significa menos material de campanha disponível, como, ainda, menos gente trabalhando remunerada na eleição. Já o descrédito a que foram jogados os políticos e a política, faz com que as pessoas tenham receio de manifestar apoio explícito a este ou àquele candidato.

O resultado é o quadro posto, onde às portas da eleição a impressão que se tem é que nada de diferente está acontecendo. Em circunstâncias diversas, nos últimos pleitos dessa natureza, a quantidade de votos nulos, brancos e abstenções foi grande. A prevalecer a situação atual, a tendência é que aumente muito. Sobretudo o não comparecimento para votar, ainda que o voto continue sendo obrigatório. Esse não é um quadro bom.

O desinteresse pela política e pelos políticos apenas contribui negativamente. Em especial para os cargos dos Legislativos, os eleitores quase sempre votaram sem muita análise. Agora, tende ser pior. Em grande parte o desinteresse foi aumentado pelo criado clima de que em política ninguém presta. Não é assim. Como também não existe solução para os problemas do país que não passe pela política. Ao contrário do que está ocorrendo, nesse momento e nessas condições o interesse do eleitor deveria ser maior. Justamente para escolher com critério necessário e fundamental para melhorar os quadros existentes.

O resultado que vai sair das urnas daqui a um mês não se mostra nada alentador. Queira ou não, o novo presidente terá de negociar com os deputados federais e com os senadores. Caso contrário não conseguirá governar. Os novos governadores terão de negociar com os deputados que comporão as assembleias legislativas dos Estados. Somente assim conseguirão governar.

Não existe super-homem ou salvador da pátria. Quem não fizer maioria no Legislativo não governa. É da política acordos de sustentação da governabilidade. Isso é fato. O resto é fantasia.

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