PÉROLAS DANTESCAS – Internação planejada

publicidade

João Francisco Simões vem de uma família tradicional de Dois Córregos. Filho do dinâmico empresário João de Oliveira Simões e da senhora Rosita Schelini Simões,  uma digna dama de nossa sociedade, sempre altiva e elegante, que durante muitos anos foi a dirigente da Santa Casa de Misericórdia de nossa cidade.

publicidade

Pois bem, com o João Francisco já falecido, mas meu amigo de longa data, várias vezes fomos juntos a Pederneiras, eu tinha namorada lá e ele uma noiva. Casou-se com ela. Passava em minha casa com uma camioneta Willys Overland e como sabia que não gostava que corresse muito, porque ele voava com suas conduções, comigo até que ele maneira um pouco. Um pouquinho na famosa acepção da palavra.

Foi também muito amigo de meu pai. O João atravessou duas gerações de amizade. E sempre levava em viagens que ele fazia o meu pai, isso uns quinze anos antes das nossas idas e vindas a Pederneiras. Um dia ele chegou em casa e disse:

–- Romeu vamos até Itapira que eu vou me internar para uma desintoxicação e agradeço muito se você for somente como companheiro de viagem. Eu me interno, fico por lá uns dias e você volta em seguida de trem.

Ficava em Itapira o seu SPA de reabilitação etílica.

Fazia isso de vez em quando, porque apreciava muito um uísque e quando percebia que estava excedendo um pouco partia para uma limpeza corporal e mental. Daí meu pai como sempre se arrumou e com a roupa do corpo, sem bagagem alguma, porque era só deixar o João Francisco e voltar para nossa abençoada terrinha. Rumaram para Itapira. Juntos com o carro dele e meu pai voltaria de ônibus até Campinas e lá pegava o trem da Paulista para Dois Córregos.

Chegando ao hospital na Portaria, o João Francisco preencheu a ficha médica para internação e chamou dois enfermeiros e assim falou:

–- Podem pegar o meu parceiro para internar também, mas cuidado que ele é perigoso e muito violento!

Aproximaram-se de meu pai e o conduziram na marra para um quarto fechado, só não puseram camisa de força, porque após se debater muito teve que concordar com a internação. Não tinha outro jeito mesmo!

Não demos pela falta dele em casa, porque viajava constantemente para vender sapatos de algumas fábricas de Jaú e ficava dias fora.

Depois de duas semanas meu pai retornou para casa com o João Francisco dirigindo e mais sóbrios que freira em mesa de comunhão. Voltaram rindo da prisão forçada que meu pai passou porque o João Francisco não gostava de permanecer sozinho em Hospital de Reabilitação e o Romeu Dante era uma companhia agradável.

Chegaram sem stress algum!

Comentários
Compartilhe