PÉROLAS DANTESCAS – A COLA

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Em 10 pessoas após um delicioso almoço servido com paella e vinho tinto, numa casa super agradável, ensolarada, quando surge um dos filhos do anfitrião, um jovem de seus 18 anos de idade e nós todos acima dos 60 anos e pergunta: “quem de vocês já colou na escola?”. Creio que ele ou foi pego colando e levou um baita dum zero ou queria colar e queria ouvir nossa opinião moralista e de bom senso de homens respeitados. Numa sinceridade nunca vista até então, houve uma resposta unânime; “todos nós já colamos”.

Isso mesmo, todos já haviam colado várias vezes, principalmente no nível ginasial, nome usado na época. Colar é um ato de coragem. Não é nada fácil! Você tem de se posicionar num ângulo estratégico de quem vai copiar. Requer habilidade e concentração. Ler o que seu colega escreveu. Boa visão é indispensável. Tem de ter sangue frio para colar sem o professor perceber. Muito jogo de cintura para disfarçar, fingindo que está entendendo a questão, quando na verdade esta copiando de outro, pois não sabe nada daquilo que foi perguntado. Coitado do aluno covarde que tem medo de copiar e não sabe nada.

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Leva um zero e é chacota dos colegas. Tenta colar, mas fica suando frio e até o professor percebe da sua má intenção e o zero está a caminho do pobre vivente.Afora o mais importante de tudo: confiança! Tem de confiar no colega de quem você cola. Antes das provas você combina que vai colar dele e ele em contrapartida dá um voto de confiança que você pode anotar tudo. Isso é companheirismo.

Amizade na mais pura acepção da palavra. Uma contraproposta valiosa de você que nada sabe da matéria e ele domina tudo. Mas nunca faça essa proposta a um aluno burro, sempre com um inteligente, de preferência o melhor da classe e bondoso com você. Colar com rolinho de papel. Você conhece essa técnica. É coisa de artista. Elaborar os rolinhos. Amarrá-los com uma linha fininha para poder rolar. Ainda, a habilidade empregada para ler as anotações em letras miudinhas, escritas com aprumo e dedicação de um monge.

É fundamental saber o que se vai escrever nas colas. Ter a intuição de um gênio para anotar aquilo que o professor possivelmente vai perguntar. O bom colador nunca erra. Como já dizia a cantora Wanderléia – realmente é uma prova de fogo. E como também já exclamava meu avô nos altos dos seus 90 anos – quem não cola, não passa na escola.

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