PEROLAS DANTESCAS -BOIADA DOIS-CÓRREGUENSE

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BOIADA DOIS-CÓRREGUENSE

José Nelson Dante

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                 Era muito comum boiadas atravessando as ruas mais afastadas da cidade, rumando a outros rincões ou ao matadouro municipal localizado na Barra Funda.

O principal escoadouro desses animais era a Rua da Palha, ou Rua da Paia no dialeto nhá-evano, atual Coronel Simões. Eu gostava mais de Rua da Paia, mas fazer o que – sempre tem um vereador bajulador que gosta de mudar nomes.

À frente da boiada vinha um cavaleiro com o berrante e também avisando aos gritos da passagem das reses. Era um tal de todo mundo correr pelas ruas e fechar as portas das casas. Ainda tirar as crianças e os velhos dos logradouros.

Eu costumava subir nos postes de eletricidade, principalmente da Companhia Independência, que eram mais fáceis de escalar e ver a boiada passar.

Um espetáculo empolgante naquele tempo, para uma cidade com poucos atrativos. Sempre com o coração na mão com tanta emoção. Era um deus nos acuda quando um animal se soltava da boiada e infalivelmente ia parar na rua XV a mais movimentada. Imaginem o apuro do pessoal, fechando as portas de lojas, bares, residências, e gente correndo. Até o boiadeiro todo garboso e triunfante laçar o animal desgarrado e levá-lo de volta ao convívio do resto dos colegas de pastagens.

Lembro bem de um dos boiadeiros, o Darcy Pauletto, moço ainda e solteiro, porte altivo de um perfeito cavaleiro, seguido pelos irmãos Terrabuio, o Mario e o Atílio, também exímios com a lida de bois e cavalos.

Hoje em dia boi só na mesa em forma de uma deliciosa picanha mal passada e aquelas pontas de gordura nas bordas.

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