PÉROLAS DANTESCAS – BURROS DE CARGA

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Eu mesmo utilizei inúmeras vezes as carroças que transitavam pelas ruas de Dois Córregos, levando mudanças, encomendas, lenhas e tudo quanto é tipo de mercadoria para os usuários.

Nossa terrinha até outro dia devia ter meia dúzia ou mais dessas carroças. E só, nada de pequenos caminhões para transportar pela cidade. Naquela época nem Kombi era fabricada ainda.

Lentamente elas chegavam ao destino marcado, nunca falhando nas entregas. Mesmo levando louças, vidros, vasos nada quebravam, apesar do sacolejo que os animais e as rodas de madeira de lei envoltas em aço proporcionavam nos paralelepípedos. Nunca entendi porque não usavam pneus. Creio que duravam menos e era mais difícil de lidar.

Nossas carroças tinham somente duas rodas, uma em cada lado e freios também nas duas rodas, já no sul do país as carroças tinham quatro rodas. As nossas heranças da Itália e as do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, com quatro rodas, habito dos poloneses, ucranianos e alemães e freios nas respectivas rodas

O meu amigo carroceiro Cidão Viaro morava na mesma Avenida minha cada um num extremo. Ele perto da casa do Janjão Simões, eu próximo ao Ginásio. Quando chegava a tardinha, ele soltava o animal de sua carroça e este sozinho andava por diversos quarteirões até chegar no pastinho alugado por uma ninharia acredito, pois o dinheiro era muito curto para nós, onde permaneceria até a manhã seguinte, que ficava próximo a minha casa, vizinho da mina da Nhá Eva. Era uma passagem mágica – a do animal pela minha moradia com passos lentos e cabeça curvada, devido a fadiga de mais um dia de trabalho.

A melhor carona de minha meninice foi na carroça do seu Mariano. Quando estava por perto ele diminuía o passo do animal, para que eu pudesse sentar na rabeira do veículo e dar os magníficos passeios de minha modesta vidinha.

Quando algum burro defecava em frente a minha casa, lá ia eu correndo para recolher o precioso material cheiroso e fresco, porque melhor esterco para horta e jardim de minha casa não existia.

Hoje a coisa mudou. Estamos na era da rapidez, quanto mais ligeiro melhor. E vamos correndo que atrás vem gente com alta tecnologia e até automóvel e caminhão sem condutor.

 josé nelson dante 

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