Nossa singela Dois Córregos teve um prefeito um tanto descuidado.
Vou contar uma historinha que realmente acontecia com o edil.
Andava pela cidade ou zona rural, coisa que fazia quase todo santo dia, religiosamente. É claro, para estar em contato direto com seus eleitores e ouvir umas e boas, mexericos, fuxicos e avaliar sua gestão nos diálogos muitas vezes lisonjeiros – o que mais gostava e se regalava. Uma mão lava a outra era o seu receituário. Conversava com todo mundo, pobre, rico, eleitor de seu partido ou adversário. É evidente que o antagonista político podia ser o eleitor de amanhã. Como disse: as duas mãos lavam a cara.
Quando um eleitor pedia a limpeza de uma rua, ele anotava em seu maço de cigarros. Pois nunca tinha um bloco de papel no bolso, mas esferográfica sim. Outro solicitava uma ponte para a estrada que passava em seu sítio e caiu na última chuvarada, ele escrevia o pedido em seu maço de cigarros. Como nosso edil fumava dois maços de cigarros por dia, ele jogava fora os pacotes vazios e lá iam os pedidos de seus rogados.
No outro dia continuava tudo igual. Maços de cigarros, pedidos, pontes, ruas, capins-mina e favores. Todos sendo atendidos com respeito, educação e simpatia.
josé nelson dante
