Morre Branco Venarusso

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Altair Sergio Venarusso, mais conhecido como Branco Venarusso, morreu no dia 02 de junho. Branco tinha 55 anos de idade e era casado com Silvia Aparecida Giroti Venarusso.

Branco era psicólogo e atuava na área de saúde do município.  Foi comentarista esportivo na Rádio Cultura de Dois Córregos e incentivador de jovens para a prática esportiva.

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Teve destacada atuação nas áreas literária e cultural. Escreveu  crônicas, poesias além  diversos artigos  que foram publicados pelo  Jornal Independente.

Seu trabalho literário rendeu diversas homenagens:

Em 2010 – Altair Sérgio Venarusso recebeu o Título de Mérito da Lira Vintenária e o respectivo Troféu alusivo aos 20 anos do Clube dos Escritores de Piracicaba.  Altair Sergio Venarusso foi  ocupante da Cadeira nº 87 do Clube dos Escritores de Piracicaba.

No mesmo ano, Venarusso foi homenageado  com o Colar do Mérito Literário “Haldumont Nobre Ferraz”. A comenda também foi concedida pelo Clube dos Escritores de Piracicaba, pelo trabalho que realizou nos campos da Cultura e da Literatura.

Em 2014 – foi homenageado com diploma e medalha pela Sociedade Veteranos de 32-MMDC de Jahu, durante solenidade em memória da Revolução Constitucionalista 1932. A homenagem foi por contribuir para a manutenção das causas defendidas em 32.

Venarrusso foi um dos mais atuantes incentivadores para criação da Academia de Letras de Dois Córregos.

Abaixo, um de seus escritos publicado pelo JI.

Bola de plástico, barulho e jabuticabas 

Todos nós temos passagens que marcam nossas vidas. Principalmente quando comparadas com os dias atuais. É normal. O tempo passa, nos deixa marcas, ou seja, constroem a nossa personalidade parnasiana.

Tudo podemos. Idade entre oito e dez anos. Principal brincadeira. Futebol na rua com bola de plástico. Não aquele plástico resistente. Plástico comum, do tipo que resiste algumas horas, mas suficiente para arrancar camadas de peles dos pés pelo atrito com o asfalto quente.

É. Tem que ser na hora em que se ganha a bola. O tempo é curto, e a vontade é grande. Inevitável. Barulho. Barulho de alegria do gol, do sonho, da fantasia, das discussões. Sim. Das discussões. Porque as traves feitas de tijolos deixam para margem imaginária um campo fértil.

Foi alto demais. Bateu na trave. A disputa continua. Mas, de repente, uma interrupção, fim do jogo. Uma senhora toda de branco anuncia:- “Meninos parem com esse barulho, está incomodando os velhinhos”. É verdade, a rua com o gol improvisado fica lateralmente a um asilo.

 Jogo empatado. “Não há chance de apenas mais um gol”, diz um menino. A voz anuncia:- “Ou vocês param, ou vou chamar seus pais”. Mau negócio. Os pais nunca ouvem a versões dos filhos quando se trata de reclamações das religiosas. Jogo encerrado.

Outras brincadeiras virão. Melhor mudar de ambiente. Mas, antes mesmo de virarmos as costas vem o convite:- “Vocês podem apanhar jabuticabas aqui dentro do asilo desde que se comportem e não façam barulho”. Pronto, está aí um convite que não se pode recusar.

As jabuticabeiras eram generosas e passávamos muito tempo apreciando-as somente com os olhos. Agora era hora de degustá-las. Hoje as jabuticabeiras não existem mais naquele local. O cheiro de suas flores ficou na imaginação de quem as cheirou, pois aquelas eram especiais e povoavam nosso imaginário; junto com os velhinhos e suas histórias.

No lugar delas um enorme salão para festas. Festas mesmo. Daquelas que varam madrugadas adentro com som, conjuntos e barulho. Tudo é claro mediante uma contribuição para a manutenção do abrigo que fica ao lado. Ah! Quase me esqueço, hoje dificilmente se vê crianças jogando bola na rua, mas o barulho, agora, rende alguma coisa, já que os ouvidos há trinta anos atrás eram mais sensíveis.

Altair Sergio Venarusso (Branco). Texto publicado pelo JI – Espaço Livre – em 22/01/2005

 

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