Óbitos durante a pandemia atingem mais pretos e indígenas em SP

Novo módulo do Portal da Transparência do Registro Civil apresenta números de mortes distribuídos por raça no País, estados e municípios

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As populações de pessoas declaradas como pretas e indígenas foram as que mais tiveram óbitos por causas naturais em São Paulo, desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus.

Entre 16 de março e 30 de junho deste ano, o estado registrou um aumento de 12,8% no total geral de mortes em comparação com 2019, mas a distribuição foi desigual entre sua população. Enquanto a população branca registrou um aumento de 7,2% no número de mortes, os óbitos dos declarados pretos cresceram 33,1%; entre a população indígena, houve aumento de 43,3%. Para os pardos e os amarelos, o crescimento foi de 28,9% em ambas as populações.

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As informações estão no novo módulo do Portal da Transparência, plataforma desenvolvida pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que reúne os registros de óbitos feitos pelos Cartórios brasileiros, e disponível a toda sociedade a partir desta segunda-feira (13.07) dentro da página Especial COVID (http://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid). Os dados utilizam como base as informações contidas nas Declarações de Óbitos (DOs), emitidas pelos médicos no ato de falecimento, e que são a base da certidão de óbito.

Em números absolutos, as mortes registradas em Cartórios do estado neste período totalizaram 103.475, sendo 70.958 óbitos de pessoas declaradas brancas, 21.540 de pardos e 7.167 de pretos.

Os indígenas representaram 43 falecimentos e a população declarada amarela 2.606. Constam, ainda, 1.161 óbitos cuja raça/cor não foi declarada pelo médico e/ou o declarante no momento do registro de óbito.

No Brasil, no mesmo período foi registrado um aumento de 13% no total geral de mortes, com 390.078 óbitos, e também houve desigualdade entre a população. Entre brancos, o crescimento foi de 9,3%, com 181.591 óbitos; entre pretos, aumento de 31,1%, com 25.782 mortes; para os pardos, o crescimento foi de 31,4% e total de 121.768 óbitos. Os óbitos entre a população indígena registraram aumento de 13,2%, sendo 701 mortes totais, enquanto o de amarelos foi 15,3% e 3.948 óbitos.

Os óbitos apenas por COVID-19 atingiram a população do estado, basicamente, na mesma proporção de sua distribuição. Foram 63,8% óbitos de pessoas declaradas brancas, 24% de pessoas declaradas pardas, e 8,1% da população preta. Amarelos representaram 3,6% dos mortos pelo novo coronavírus e indígenas foram 0,1% do total. No Brasil, os números seguem a mesma proporção: 44,4% de brancos, 38,4% de pardos, 8,2% de pretos, 1,5% de amarelos e 0,24% de indígenas. Constam, ainda 7,2% com raça/cor ignorada entre os óbitos.

No Brasil foram 44,4% óbitos de pessoas declaradas brancas, 38,4% de pessoas declaradas pardas, e 8,2% da população preta. Indígenas representaram 0,24% dos mortos pelo novo coronavírus, amarelos representaram 1,5%; constam como raça/cor ignorada 7,2% dos óbitos causados pela doença.

Doenças Respiratórias

Considerando-se apenas as doenças respiratórias disponíveis no Portal – COVID, Insuficiência Respiratória, Pneumonia, Septicemia e Síndrome Respiratória Grave (SRAG) – o estado de São Paulo registrou aumento de 30% no número de óbitos no período de 16 de março a 30 de junho de 2020 em relação a 2019.

Os pardos e pretos são os mais atingidos, com crescimentos de 60,9% 64,8, respectivamente, no número de óbitos por estes tipos de doença. Em seguida, os amarelos tiveram acréscimo de 50,3% nos casos de mortes desse tipo. Entre os brancos o aumento ficou em 20,5%. Indígenas tiveram alta de 31,6%.

Em âmbito nacional, o aumento de óbitos por essas enfermidades foi de 34,5%. Os demais números, segmentados por raça, são: 72,8% entre pardos; 70,2% na população preta; 45,5% na população indígena, 40,4% entre amarelos e 24,5% com relação aos brancos.

Doenças Cardíacas

Os dados de óbitos por doenças cardíacas, disponíveis no Portal – AVC, Infarto, Demais Doenças Cardiológicas (que correspondem a morte súbita, parada cardiorrespiratória e choque cardiogênico) -, registraram um pequeno aumento, em São Paulo, no mesmo período analisado: 4,4%. Nos falecimentos por estas doenças, as populações que registraram maior aumento foram os indígenas (66,7%), os pretos (22,2%) e os pardos (15,7%). Já as populações amarela e branca registraram crescimento de 10,5% e 0,1%, respectivamente.

Quando analisados os óbitos por essas mesmas enfermidades no Brasil, nota-se o pequeno aumento de 0,7%. Foram 13,7% entre pretos; 8,4% entre pardos; e 2,2% na população indígena. Já entre brancos e amarelos, registrou-se diminuição de -0,5% e -0,3% no período, respectivamente.

 

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