EDITORIAL – O que esperar?

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Desalentador o quadro eleitoral para a presidência da República, extraído das últimas pesquisas de opinião divulgadas. Com quase 40% das intenções de voto, o primeiro colocado é um presidiário. O segundo, com metade das intenções de voto do líder, é um candidato que sequer se dispõe a discutir as questões cruciais que devem ser enfrentadas pelo próximo governo. A impressão que se tem é que os demais, para se mostrarem com alguma chance de chegar ao segundo turno, terão de se desdobrar no horário eleitoral.

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Lula não será eleito porque terá sua candidatura cassada. Pelo fato de ter condenação criminal em segunda instância, é inelegível pela Lei da Ficha Limpa. A estratégia do PT é manter seu nome como candidato o quanto mais possível. Até ser definitivamente impugnado pelo Tribunal Superior Eleitoral e até pelo Supremo Tribunal Federal se recorrer. Depois, dizendo-se injustiçado, tentará transferir seus votos para Fernando Haddad, para que este chegue pelo menos ao segundo turno.

A estratégia do PT era arriscada, mas está dando certo. Com Lula condenado e preso, nem o partido esperava que faltando pouco mais de 40 dias para a eleição teria tantos votos. Principalmente depois da bancarrota a que levou o país na segunda gestão de Dilma Rousseff e da revelação dos escândalos protagonizados ao tempo dos governos petista. Tudo o que veio à tona parece não ter existido. Até agora, para pelo menos para 40% do eleitorado brasileiro Lula não tem nada a ver com isso.

Isso parece incompreensível, mas tem fundamento na realidade. A onda de justiçamento destruiu a classe política e colocou todo mundo no mesmo saco. Então, se ninguém presta, o que não é correto, Lula é o menos pior. Afinal, nos seus dois mandatos reinou certa prosperidade, ainda que insustentável do ponto de vista econômico. Não é ilógico que muitos pensem que se Lula voltar, tudo vai melhorar. O poder de retórica dele sempre foi muito eficaz. Como, também, o marketing do PT.

Já os votos atribuídos a Bolsonaro compreendem a outra face da moeda. Vêm da parcela desiludida que acha que a solução é um salvador da pátria. E o candidato abraçou esse discurso. Se eleito, nada de corrupção e nada de barganha política. Lugar de bandido é na cadeia e as pessoas de bem terão direito de portar armas para se defender. Essa parcela de eleitores se recusa até a pensar que, para governar, quem quer que seja precisará de apoio político no Congresso Nacional.

Tudo o que o Brasil não precisa é a volta do PT ou a eleição de alguém dito superpoderoso. O momento requer entendimento e alguém que tenha estrutura, capacidade e bom senso para levar o governo a bom termo. Exceto que ocorra algo hoje considerado pouco provável, isso não ocorrerá. Pelo menos para o eleitor do Estado de São Paulo existe alento. Dos candidatos que têm chance de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, não há temor de risco ou de grandes mudanças na condução do governo.

 

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