Haja Paciência

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O brasileiro tem de ser muito paciente para suportar a epopeia diuturna de quem precisa de serviços públicos. Praticamente tudo o que é do governo é ineficiente, demorado, superado, dispendioso. Tudo tem fila, tem senha, tem necessidade de apresentação de documento original, com fotografia 3 x 4, exibição daquela sequência de carteirinhas e papeis que só se usa uma vez de quando em vez.

É impressionante a diferença com qualquer outro país. O respeito ao cidadão de fato existe. Ninguém precisa ir a uma repartição para obter informação. Tudo funciona online e com precisão.

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Aqui, é verdade que os mobiles ganharam espaço. Temos mais celulares do que habitantes. Consta que são 250 milhões de eletrônicos de comunicação para 208 milhões de brasileiros. Mas isso não tem sido utilizado a não ser para veicular memes, para disseminar fake News e para compartilhar maledicência.

Luciano Huck, o outsider que quase aceitou ser candidato a Presidente, num artigo na FSP,  “Deus tá vendo?”, em 26.08.18, fala que falta uma agenda digital moderna para o Estado brasileiro. Antigamente, os Países tinham como ativo terras, exércitos, metais preciosos, capacidade de produção. Hoje é a informação o maior capital.

Somos pobres até em ideias. Quem tem ideia tem passaporte estrangeiro e já fez as malas. Diz Huck: “Ideias e criatividade são o combustível do progresso; sem elas, cedo ou tarde, uma nação estaciona. E nós não temos mais tempo para ficar no acostamento, enquanto o mundo se move de maneira rápida”.

Depois comenta a desconexão geral: “Para ter uma ideia mais objetiva do problema, o Brasil tem seis diferentes cadastros digitais da sua população. É óbvio que, assim, nenhum deles ganha escala ou relevância. Quem tem seis não tem nenhum. E só o governo federal tem 48 aplicativos oficiais para “ajudar” o cidadão na sua relação com o Estado. Por favor, me diga quem tem um smartphone que carregue tudo isso, e me diga também quem consegue administrar simultaneamente 48 diferentes interfaces com o governo?”.

O problema é que o Governo gosta de entrar em áreas que não domina, criando empresas que são cabides de emprego e destinação certa dos que participaram da “coalisão”. Só a iniciativa privada para fazer um plano viável para o Brasil digital. A empresa pública só quer saber de monopólio, de obstar qualquer modificação, de coibir o crescimento do empresário que não tem por si hollerith e que depende do seu trabalho para subsistir.

Façam uma relação das empresas estatais, de todos os níveis, que o Brasil e seu povo sofrido sustentam e vejam quais as que dão lucro e quais aquelas que continuam a sangria de uma população extenuada, enferma, desalentada, sem perspectivas e hoje encolhida no velório da esperança.

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e autor de “Ética Geral e Profissional”, 13ª ed., RT-Thomson Reuters.

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