Ainda a propósito da divulgação do IGM – Índice de Governança Municipal, catalogado pelo CFA – Conselho Federal de Administração, pus-me a comparar dados. Em escrito anterior, restou claro que, pelos números insertos no levantamento, o município de Dois Córregos está na posição 437 de 551 do Grupo 4, que reúne localidades com população de 20.001 a 50 mil habitantes e PIB per capita acima de R$ 14.460,00, posição que, no entanto, não reflete sua realidade.
Conforme informado no escrito anterior, os dados do levantamento IGM/CFA não trazem informações referentes aos itens “Receita Própria”, “Gastos com Pessoal”, “Capacidade de Investir”, “Liquidez” e “Custo da Dívida” de Dois Córregos. Por conta disso, o município, em relação a outras localidades do mesmo grupo, inclusive da região, apresenta disparidade. Isso leva ao errôneo entendimento de que a cidade está sendo (ou foi) malgovernada, tendo em vista que na compilação há dados ainda referentes a 2016.
Em relação a cidades da região, nos índices existentes e passíveis de comparação, resta claro que Dois Córregos ostenta nível equivalente a Brotas, Barra Bonita e Bariri, que integram o mesmo Grupo 4. Evidente que há variações, mas são pequenas. Conforme então citado a título exemplificativo, em Saúde e Educação, pelos dados disponíveis, Dois Córregos investiu mais que Barra Bonita e Brotas mais que as duas. Esta é posição que também reflete a realidade de Bariri.
Entretanto, analisando especificamente a Educação, vê-se que dessas quatro cidades, per capita, considerando dados de 2017, Bariri foi a que mais investiu, seguida por Brotas, Dois Córregos e Barra Bonita. Todavia, no desempenho no IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – do 5º Ano, para uma meta de 6,9 prevista para o Grupo 4, Barra Bonita atingiu 6,7; Bariri 6,6; Dois Córregos e Brotas 6,3. Embora com diferenças pequenas, numericamente Barra Bonita fez mais com menos.
Por outro lado, se os dados do IDEB são de 2017, os números relativos ao investimento na área da Educação são os apurados ainda em 2016. Portanto, o último da gestão anterior de cada município. Um ano difícil, com o país em crise financeira ainda maior que a vivida atualmente. Nessa análise, interessante também trazer os dados de Taquarituba, cidade do interior paulista, ranqueada como a melhor do país no Grupo 4. Em Educação esta cidade investiu menos que Bariri e Brotas, porém conseguiu 7 no IDEB.
O que se quer mostrar com essa análise exemplificativa e complementar sobre os dados do levantamento IGM/CFA? Que a compilação de números em levantamentos como este é importante, mas não pode ser tomada como verdade absoluta. Mesmo estando, os municípios, dentro de grupo que guarda certa similaridade. Taquarituba, a melhor cidade do Grupo 4, tem população, considerada no levantamento, de pouco mais de 23.200 mil habitantes, PIB per capita de R$ 26.924,92 e área territorial de 448,52 km².
Por sua vez, Brotas tem população de pouco mais de 23.600 habitantes, PIB per capita de R$ 28.357,30 e área territorial de 1.101,37 km². Bariri, 34,200 habitantes, PIB per capita de R$ 41.510,78 e área territorial de 444,41 km². Barra Bonita, população considerada de 36.300 pessoas, PIB per capita de R$ 38.128,23 e território com apenas 151,12 km². Dois Córregos possui população considerada no levantamento de 26.700 habitantes, PIB per capita de 25.595,30 e área territorial de 632,97 km².
Então, em riqueza, considerando o PIB per capita entre as comparadas, Bariri é a cidade mais rica e Dois Córregos a mais pobre. Mas Dois Córregos tem a segunda maior área territorial, demandando gastos maiores com conservação de estradas. O que não afeta Barra Bonita, que tem território diminuto. Por outro lado, território maior pode representar mais produção agrícola, o que, supostamente, geraria maior geração de tributos. Ainda assim é preciso ver quanto desse território é agricultável.
Isso porque pode ocorrer de um município possuir vasto território, mas ter grande parte ocupada por áreas de preservação. Enfim, cada município tem suas particularidades, que formam sua realidade. Por isso, levantamentos de dados requerem, sempre, análise pormenorizada. Os números precisam ser avaliados com escora na realidade de cada um. Sob pena de se chegar a conclusões simplistas e equivocadas. Apenas um ranqueamento puro e simples não serve para definir se está sendo (ou foi) bem ou malgovernado.
J A Voltolim