Educação digital: veio para ficar

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Houve muito preconceito no Brasil em quanto à educação à distância. Acreditou-se que seria uma estratégia para atender a comodistas, em busca de evitar o trabalho e o dispêndio da locomoção. As primeiras experiências, já na primeira metade do século passado, eram vistas com ceticismo, resistência e até sarcasmo.

Ocorre que a profunda revolução nas tecnologias da informação e da comunicação mudou tudo isso. A condição de “emergente”, eufemismo para dizer “atrasado” ou subdesenvolvido, não foi obstáculo a que o Brasil dominasse a internet. Não é fantástico observar que os brasileiros têm 265 milhões de mobiles, para uma população de 212 milhões de pessoas?

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O uso contínuo da internet fez com que os brasileirinhos de qualquer cafundó pudessem ter acesso ao que se passa no mundo, imediatamente, com imagem e som. Mais importante do que isso, adentrar a bibliotecas, museus, universidades, institutos culturais e dispor do incomensurável acervo de conhecimento hoje disponível e de oferta gratuita aos interessados.

Isso torna a educação digital uma alavanca séria e consistente para mudar o Brasil. Aprender pela internet passou a ser a ocupação de milhões de brasileiros durante o flagelo da Covid19. Os alunos que quiseram e tiveram orientação doméstica para levar a sério o conteúdo disponibilizado pelas escolas não perderam nada. Ao contrário: ganharam.

Quem leciona sabe que um dos problemas enfrentados pelo docente é a disciplina da sala de aula. Seja no fundamental, seja na Universidade, o contato pessoal e a proximidade física são prazerosos, mas geram fricções. Estranhamento, bullying, vontade de “zoar”, como dizem as tribos, seja o colega diferente, seja o professor “sistemático”.

Um pouco de isolamento é saudável para todos. O bulício incessante, as brincadeiras “de mão”, o empurra-empurra, tudo isso merece um hiato. A demanda por EAD precisa atingir todos os setores, na ideia inspiradora da educação permanente. Todos precisam aprender novas coisas a cada dia. Ninguém pode ter a pretensão de ter atingido o seu limite. A perspectiva é um horizonte infinito. Até o último dia, desvendar o ignoto, aprimorar o parcialmente conhecido, transmitir o que se hauriu nesse mágico processo do aprendizado.

Verdade que não fomos treinados para isso. Não importa. É tempo de investir na formação de comunicadores. Aproveitar os youtubers, os influenciadores, falar a linguagem da juventude, pois ela detecta aquilo que para nós, idosos, parece normal. O mundo vive uma tensa anormalidade. Só voltará a ser aquilo que idealizamos, o espaço para convívio solidário e fraterno, harmônico e pacífico, se todos insistirmos em uma conversão que começa na cabeça de cada um de nós.

A educação digital veio para ficar. E isso vai ser bom para o amanhã da humanidade.

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2019-2020.

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