O pó que mata

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Costuma-se dizer que todo pó branco é nefasto. Pensa-se logo na cocaína. Mas a farinha é venenosa em alta quantidade. Transforma-se em açúcar e aumenta a incidência da enfermidade insidiosa e falsa que é a diabete. Mas o terceiro pó branco não é também amigo do homem. É o doce açúcar.

Há algumas décadas, surgiu no Brasil um livro chamado “Sugar Blue”. Detonava esse produto que foi uma das alavancas econômicas do País, no ciclo da cana-de-açúcar. Mas desapareceu logo das livrarias. Teria sido por acaso?

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Sabe-se que o açúcar não faz bem à saúde. Entretanto, consome-se descontroladamente e vale-se da dependência que ele causa. Quem resiste a um quindim, a uma bala de ovos, a um fio de ovos, a um brigadeiro?

O Brasil tenta um acordo voluntário entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos, para propiciar uma redução do ingrediente açúcar nos produtos industrializados. A começar dos iogurtes, sucos em caixa, refrigerantes, achocolatados, bolos e biscoitos.

O percentual de redução variará de acordo com a classe do produto. Isso já se fez em 2011, para a redução do sódio nos alimentos industrializados. Já as versões variam, na avaliação dos resultados. Para as empresas, esse acordo foi responsável pela retirada de mais de setenta mil toneladas de sódio dos alimentos. Os críticos de associações ligadas à saúde e à alimentação saudável discordam. Afirmam que as metas para redução do sódio são extremamente tímidas.

Em relação ao açúcar, o objetivo é ajudar a prevenir doenças crônicas não transmissíveis, como diabete e hipertensão. Isso também atende a recomendações da OMS – Organização Mundial da Saúde. O Brasil conta com um milhão de mortes por ano devidas ao câncer e diabete, além de outras enfermidades não transmissíveis. Isso custa sete bilhões e meio de reais por ano. O Brasil está na relação dos países mais pobres do mundo, que não levam a sério essa sofisticação de consumo já antiga no Primeiro Mundo. Mas se conseguirmos tais acordos, nos perfilharemos ao lado daqueles que salvarão oito milhões de vida, até 2030, bastando providências factíveis e ao alcance dos setores produtivos.

Nada como a educação formal e informal, perene e para todas as idades, para alertar o homem de que nem tudo o que é gostoso faz bem. Ao contrário, pode fazer muito mal. E subtrair alguns anos de vida, além de impor sofrimentos desnecessários. Basta deixar de adoçar tanto a vida.

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, professor da Uninove e Anchieta, autor de “Ética Ambiental”, 4ª ed., RT-Thomson Reuters.

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