PÉROLAS DANTESCAS = LÁ COMO CÁ

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JOSE NELSON DANTE –

A gente fica intrigado com essa separação de homens e mulheres que existem em alguns países, principalmente árabes de religião muçulmana e islâmica. ossas fábricas de carrocerias de ônibus quando exporta tem de fazer uma reparação dentro dos coletivos. Os homens não se misturam com as mulheres. Normalmente elas ficam na parte traseira do veículo, com entrada e saída exclusiva. Nos programas de televisão vemos o absurdo de homens contra mulheres. Agora até que estão mudando um pouco, pois perceberam essa briga chatérrima e passaram a colocar casais contra casais – outra palhaçada.

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Com esse assunto chego a Dois Córregos, onde nasci, cresci e morei por muitos anos de minha longa existência – de tempos atrás, que presenciei, e para mim era tão natural como para os árabes hoje. No Grupo Escolar Francisco Simões, onde fiz o primário, nome dado para os alunos iniciantes no saber, o ensino na parte da manhã era direcionado aos alunos do sexo masculino, e à tarde para as meninas estudarem.

Não se misturavam de jeito algum. Os homens saiam da escola para as meninas entrarem sem contato algum. Nem no recreio nada de aproximação. Na Igreja do Divino Espírito Santo, a nossa Matriz, havia os cruzadinhos de um lado do paço, d’outro as cruzadinhas, isto é, as crianças do sexo feminino.

Os Marianos e as Filhas de Maria, cada congregação separada dentro da Igreja. Fatos repetidos nas procissões, nesse caso acreditam, para dar maior harmonia nas filas. Para assistir aos filmes do Cine São Paulo não havia separação de sexos, então como namorar lá dentro e assistir aos filmes agarradinhos. Mas se minha memória não me trai, havia a Sessão das Moças nas quartas-feiras da semana e com preços de ingressos mais convidativos. Nos bailes as mulheres ficavam num lado e os homens noutro do salão. Mulheres não entravam em bares ou cafés desacompanhadas.

O absurdo do absurdo disso tudo era a diferença racial. Os pretos nos sábados e domingos de passeio noturno os homens ficavam postados nas ruas e as mulheres desfilando nas calçadas da Rua XV de Novembro, as brancas andavam na calçada mais larga e mais bem iluminada e as pretas noutra calçada da mesma rua, mas estreita e com lâmpadas mais parecendo tomates maduros.

É claro que os homens pretos ficavam nesse lado também e não do outro o dos jovens brancos. Os pretos tinham um salão de baile só deles e não entravam nos clubes dos brancos. O dos pretos era no alto do prédio da Paulista, imóvel que muitos anos após foi do estúdio da Radio Cultura. Acredito que a Igreja São Benedito seja resquício disso tudo, pois era lá que a maioria dos negros rezava, casavam e batizavam seus filhos. Ignorância total, mas que todo mundo aceitava por ser “uma coisa natural”. Hoje nem pensar. O desumano lé com lé e cré com cré!

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