EDITORIAL – Furtos em cemitérios

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A prática de furtar peças de metal chegou ao cemitério de Dois Córregos. Já havia registro anterior, mas não muito expressivo. Desta feita a quantidade de material furtado e danos registrados foram maiores. Claro que o fato repercutiu bastante.

Até emissora de TV regional esteve na cidade fazendo reportagem sobre o ocorrido. Nas redes sociais o assunto também foi objeto de debate de toda natureza. A quase totalidade das manifestações foi de indignação e de descontentamento. Nem podia ser diferente. Como na cidade esse tipo de furto ainda não é comum, natural que a ressonância fosse maior. Em localidades de grande porte, infelizmente essa ação é prática corriqueira.

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Nos cemitérios da Capital do Estado, então, muito mais. Basta uma rápida vasculhada na internet para se verificar os estragos provocados. Principalmente em necrópoles antigas, onde a quantidade de peças é imensa. Algumas não apenas de valor monetário, pelo custo do metal, como também histórico, porque produzidas por renomados artistas. Como é natural nesses momentos, a culpa tende recair sobre a prefeitura. Seja porque não coloca vigilância no cemitério, seja porque não implanta sistema de iluminação na necrópole.

No caso de Dois Córregos, o cemitério é um espaço público, cuidado pelo município. Já os jazigos, em sua maioria são propriedades particulares, porque adquiridos pelas famílias com caráter de perpetuidade. Do ponto de vista legal, o município pode colocar vigilância no cemitério ou implantar a iluminação que quiser.

A questão é analisar se isso é prioridade em relação a outras necessidades mais prementes. Se alguém calcular o custo de manter vigias nos dois cemitérios do município – o de Dois Córregos e o de Guarapuã – vai se assustar. Todo mundo sabe que a prefeitura não possui vigilantes patrimoniais nem para guardar prédios como unidades de saúde e escolas. Muito menos condições de ter, por conta do alto custo das despesas com salários. É surreal defender a colocação de guardas noturnos nos cemitérios.

Implantar iluminação nos cemitérios, dada sua extensão, também demandaria muito dinheiro e enorme consumo de energia elétrica. E para efeito nenhum, porque as duas necrópoles são rodeadas por áreas rurais, totalmente escuras. Iluminação boa apenas faria o trabalho dos ladrões mais fácil. Além de eventualmente tornar o interior dos cemitérios atrativos para o exercício de outros tipos de atividades inadequadas.

Como, por exemplo, o uso de drogas, já que são totalmente vulneráveis. O costume de colocar sobre túmulos peças de metal é antigo. Servia, inclusive, para mostrar a diferença de classe social entre as famílias dos mortos. Quanto mais suntuosa a peça, mais poderosa financeiramente a família. Essa, no entanto, é prática da qual as pessoas precisam se desapegar.

Especialmente em tempos onde metal vira dinheiro fácil para fazer dinheiro. Melhor construir túmulos simples e colocar sobre eles símbolos religiosos e vasos de pedra ou de outro material não atrativo aos ladrões.

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